quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Acne na adolescência - não às "espinhas"!


As crianças vão crescendo e além de toda a mudança emocional/temperamental, a acne ("espinhas") vem a acompanhar a adolescência de algumas delas... Para quem sofre com a acne, não só a pele fica mais sensível pelo processo inflamatório, mas a autoestima também fica abalada com todas as irregularidades que surgem no rosto e no tronco. Mas vamos lá! Existe tratamento para a acne e há sim como melhorar a autoestima dos adolescentes! 

Primeiramente é importante conhecer o que está acontecendo na pele durante a acne (chamamos de processo fisiopatológico). A acne ocorre na unidade pilossebácea (pelos e glândulas sebáceas que estão juntos formando essa estrutura). Daí, 4 mecanismos são vistos na região afetada:


- Proliferação aumentada de queratinócitos (células da pele) foliculares, com formação de "plugs "("rolhas") - forma o que chamamos de comedão ("cravo")
- Aumento da produção de sebo nos folículos - forma o que chamamos de comedão ("cravo")
- Proliferação de microorganismos (Propionibacterium acnes) no sebo retido - o que leva à inflamação
- Inflamação - forma o que chamamos de "espinhas", "bolinhas" vermelhas com ou sem pus, mais superficiais ou mais profundas (nódulos e cistos)

Assim, a acne pode apresentar diferentes graus: G1 comedões ("cravos") abertos ou fechados; G2 "espinhas" inflamadas com ou sem pus; G3 nódulos e/ou cistos inflamados e outros graus mais avançados, com confluência de lesões desfigurantes e formação de cicatrizes grotescas (Não podemos deixar chegar a isso! Causa muito desconforto e as cicatrizes são intensas!).

Então, como tratar a acne? Vai depender do grau em que ela está e de questões individuais. Dicas para tratar todos os graus de acne:

- Uso de sabonetes apropriados para pele mista a oleosa
- Remoção dos comedões ("cravos") com especialista, quando o quadro inflamatório estiver mais controlado (evite fazer a limpeza em casa pois você pode transformar um quadro leve em um mais grave)
- Usar protetor solar próprio para pele mista a oleosa (o Sol pode manchar ainda mais a pele inflamada pela acne; pode também causar piora da acne - então, proteção solar!!!)
- Ter uma dieta mais equilibrada, com menos açúcares refinados, menos leite e derivados lácteos, menos gorduras saturadas e trans, e parar o uso de suplemento de proteínas (p.ex. whey protein)
- Importante checar nas meninas se há um quadro associado de Síndrome dos Ovários Policísticos  - SOP (atraso menstrual, obesidade, aumento de pelos, acne, alterações hormonais) - busque um ginecologista; tratar a SOP pode trazer melhora da acne
- Relatar para o/a dermatologista todos os medicamentos dos quais faz uso (alguns para depressão, por exemplo, podem causar acne; complexos vitamínicos também) - alguns tratamentos precisam ser interrompidos ou modificados para melhora da acne (mas nunca faça isso sozinho!)

É fundamental o acompanhamento com o/a dermatologista! Além das orientações acima, existem várias opções de tratamento clínico e estético para a acne - já escrevi no blog sobre isso, como produtos à base de ácidos para reduzir o sebo e os "cravos" (p.ex. retinoico - não usar na suspeita de gravidez - glicólico, azelaico ou salicílico); antibióticos para acne inflamatória; além do medicamento conhecido como "Roacutan", cujo genérico é a Isotretinoína e o uso é bastante restrito (nunca tome esse medicamento sem prescrição médica!). No consultório, o dermatologista pode associar ao tratamento da acne os peelings químicos, lasers e luz de LED. 

Se conhece alguém próximo com esse problema, avise que tem tratamento. Se você sofre com acne, busque se tratar! Melhora bastante a autoestima, reduz as cicatrizes e você fica bem com a saúde da sua pele!

Abs
Giselle Barros

Aust Fam Physician 2017; 46 (12): 892-895

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