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domingo, 25 de outubro de 2015

Seria possível reduzir a queda de cabelos e não precisar de peruca durante a quimioterapia?



Umas das primeiras coisas que vêm à cabeça quando se fala em fazer quimioterapia é: Meus cabelos vão cair? Vou ficar careca? Vou precisar usar peruca? 

A ideia de perder todo o cabelo traz muita angústia para mulheres e homens candidatos à quimio. Alguns pacientes recusam esse tratamento por não quererem ficar carecas. Perder o cabelo com o tratamento é perder a privacidade da própria doença. É deixar a olhos vistos, literalmente, que está passando por um câncer. Ah, mas por que todos ao redor precisam saber, né? Vem o preconceito, a queda da autoestima, a interferência na sexualidade e na vida social. 

Desde que se perceberam os prejuízos da queda de cabelos à saúde global do paciente, busca-se maneiras de evitá-la. Cientistas de diversas partes do mundo estudam a ação dos quimioterápicos nos folículos de pelos, testam medicamentos para prevenir a queda, ou para acelerar o crescimento de cabelos. O resfriamento do couro cabeludo durante a quimioterapia (scalp cooling ou scalp hypothermia) é a opção com melhores resultados até então. E o bom resultado que se deseja é que o paciente não precise usar peruca ou esconder a falta de cabelos com lenços, com a prevenção da queda total de cabelos ou de mais de 50% de queda.



A ideia de usar essa técnica para prevenir a queda de cabelos durante a
quimioterapia data da década de 70! No começo, pacotes com gelo eram aplicados no couro cabeludo dos pacientes. Ao ver as fotos dá vontade de rir da parafernália e de imaginar aquilo derretendo e molhando tudo! Mas o procedimento foi sendo aperfeiçoado e hoje estão disponíveis toucas de criogel e modernas máquinas de resfriamento.


Com o resfriamento do couro cabeludo a baixas temperaturas, iniciando-se um pouco antes, mantendo-se durante e por algum tempo após o término da quimioterapia, uma menor quantidade de medicamento atinge os folículos dos pelos por conta da vasoconstrição, da redução do metabolismo celular e da entrada do medicamento nas células. Assim, causa-se menos dano ao fio e o protege da queda.


Os resultados são variáveis, a depender do esquema quimioterápico usado e da resposta individual de cada paciente. Para alguns medicamentos, como os taxanos, mais da metade dos pacientes que resfriam o couro cabeludo junto com sua aplicação podem ter preservação de mais de 50% dos cabelos e não precisar de peruca. Mas para outros tratamentos, os resultados são baixos e o paciente fica careca. Numa recente revisão de diversos trabalhos, o resfriamento do couro cabeludo reduziu significantemente o risco de alopecia induzida pela quimioterapia (RR=0,38. Shin H, Jo SJ, Kim DH et al. Efficacy of interventions for prevention of chemotherapy-induced alopecia: A systematic review and meta-analysis. Int J Cancer. 2015; 136 (5): E442-54.)

Importante notar que não é um tratamento indicado para qualquer tipo de câncer. Consulte seu oncologista para saber indicações, contraindicações e riscos do uso do resfriamento do couro cabeludo durante a quimioterapia. 

E a luta para melhorar a qualidade de vida do doente com câncer segue!